terça-feira, 14 de julho de 2009

Material com supercondutividade superficial pode revolucionar eletrônica

Material com supercondutividade superficial pode revolucionar eletrônica
Estrutura da banda eletrônica de superfície do telureto de bismuto.

Difícil imaginar um período histórico chamado "Era do Telureto de Bismuto" ou mesmo um lugar chamado "Vale do Telureto de Bismuto." Mas esse material de nome estranho pode ser o composto químico capaz de criar processadores e computadores mais eficientes do que tudo o que pôde ser feito até hoje com o tradicional silício.

Salto evolutivo da informática

Previsto pela teoria apenas muito recentemente, e um sonho antigo de todos os cientistas que trabalham com eletrônica, esse novo material permite que os elétrons circulem sem perdas de energia em sua superfície, a temperatura ambiente. E pode ser fabricado utilizando a tecnologia atual de semicondutores.

Com essas qualidades, o telureto de bismuto tem tudo para patrocinar um salto na velocidade dos circuitos eletrônicos atuais e até mesmo se tornar um "novo silício" para um tipo de computação totalmente novo, chamado spintrônica, que se espera ser o próximo salto evolutivo da informática.

Elétrons com fluxo superficial livre

Agora, os físicos Yulin Chen e Zhi-Xun Shen e seus colegas da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, usaram uma fonte síncrotron de raios X para determinar experimentalmente que o telureto de bismuto é um "isolante topológico" a temperatura ambiente.

Isolantes topológicos, que permitem o fluxo livre de elétrons em sua superfície, não são como os supercondutores e nem servem para a transferência maciça de eletricidade sem resistência. A diferença é que a classe de materiais a que pertence o telureto de bismuto consegue transferir apenas correntes muito pequenas, mas suficientes para serem utilizadas no interior dos chips.

Elétrons sem caminho de volta

Esta quase mágica é possível graças a elétrons surpreendentemente bem-comportados. O spin de cada elétron é alinhado com o movimento do elétron - um fenômeno chamado efeito spin Hall quântico e descoberto recentemente. Este alinhamento é um componente-chave na criação de dispositivos spintrônicos, componentes que vão muito além dos atuais componentes eletrônicos.

"Quando você atinge algo, normalmente ocorre um espalhamento, com alguma possibilidade [da partícula] retornar," explica o teórico Xiaoliang Qi. "Mas o efeito spin Hall quântico significa que não é possível retornar pelo mesmo caminho de ida."

É esse "detalhe" que permite que os elétrons fluam sobre a superfície do telureto de bismuto - e de outros materiais que venham a apresentar a característica de isolante topológico - virtualmente sem resistência. Os elétrons vão se chocar, mas apenas se desviarão, nunca retornando, não aquecendo o material e resultando em um fluxo de eletricidade extremamente eficiente.

Próximo da aplicação prática

E os pesquisadores descobriram que o telureto de bismuto é ainda melhor do que os teóricos haviam previsto.

"Os teóricos chegaram muito perto," explica Chen, "mas há uma diferença quantitativa. Os experimentos mostraram que o telureto de bismuto pode tolerar temperaturas ainda mais altas do que os teóricos previram. Isto significa que o material está mais próximo da aplicação prática do que pensávamos," diz o pesquisador.

Extremamente entusiasmante

E o telureto de bismuto não é um material exótico, ele forma cristais tridimensionais e pode ser crescido facilmente pelas técnicas tradicionais. A partir daí, tudo o que será necessário será dopá-lo, acrescentando elementos para lhe dar as características necessárias para a fabricação dos componentes eletrônicos desejados.

Os pesquisadores chamaram a descoberta das novas propriedades do telureto de bismuto de "algo extremamente entusiasmante." Segundo eles, o material "poderá nos permitir construir um componente eletrônico com novos princípios de funcionamento."

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Cinco motivos que podem fazer o Google Chrome OS não dar certo

Da aposta excessiva em netbooks até problemas de compatibilidade, veja o que ameaça o novo sistema operacional.


chrome_os_review_150.jpg Por mais inteligente e popular que o Google possa ser, não há qualquer garantia de que seu sistema operacional, o Chrome OS - prometido para o final deste ano, seja um sucesso. Às vezes, a criança mais esperta e querida na escola simplesmente quebra a cara. E há grandes chances de a plataforma estar na pele dessa criança.

Se tudo o que o gigante de buscas está prometendo irá se concretizar no mundo real ainda é cedo para dizer. Mas existem cinco motivos que nos fazem pensar que ele não vai dar certo:

1. Nem tudo nessa vida é netbook
Netbooks, pequenos computadores voltados para navegação na internet, podem ser importantes, mas continuam representando uma fração das vendas de PC. E a aposta do Google baseia-se em uma forte demanda por computadores menos potentes.

O gigante de buscas levaria certa vantagem sobre a Microsoft, que precisa vender seu sistema operacional – enquanto isso, o Google pode simplesmente dá-lo de presente.

No entanto, outros sistemas operacionais foram dados de graça por anos e a Microsoft ainda está aí, firme e forte. Atualmente, o Linux responde por cerca de 1% do mercado de sistemas operacionais e já perdeu a batalha pelos netbooks. O motivo disso, convenhamos, não é o Windows.

O Google está contando com usuários de computadores pequenos, não ligados a aplicativos específicos, e dispostos a aceitar preço baixo e, talvez, facilidade de uso em um ambiente mais familiar e poderoso.

Será que isso é suficiente para desafiar a Microsoft?

2. A Microsoft pode pegar pesado
Imagine que Steve Ballmer simplesmente acorde amanhã e diga: "O Windows 7 NB [para notebooks] será gratuito até 2010. Começando a partir de agora". Qualquer coisa que o Google possa fazer, a Microsoft também pode – ao menos teoricamente.

É pouco provável que órgãos reguladores intervenham em uma ação dessa natureza, afinal a Microsoft estaria reagindo à investida de um poderoso concorrente. E fixar uma data final para a gratuidade – que sempre pode ser estendida – permite que a Microsoft cobre depois de o Chrome OS ter sido derrotado.

Mas a Microsoft precisa fazer isso? Não. Há fortes evidências – o Linux nos netbooks, por exemplo – de que a empresa pode - e provavelmente irá - continuar cobrando por aquilo que outros dão de graça.

Não subestime o que pode acontecer quando a Microsoft se enfurece. O maior inimigo da empresa nos últimos anos foi ela mesma. Uma nova ameaça externa pode ajudar Ballmer & Cia a afiar o pensamento e responder como um feroz sistema imunológico para isolar e destruir um organismo externo, como o Google.

3. Google Docs é o melhor que eles podem fazer
Até agora, os esforços do Google ao criar uma nuvem de aplicativos foram bem fraquinhos. Veja todas as coisas que o Google Docs não faz e que as pessoas precisam, ao menos de vez em quando.

O Google ainda precisa provar que aplicativos como serviços web podem substituir os que hoje estão instalados no PC. Até agora, nem chegou perto disso.

A estratégia de computação em nuvem do Google, por enquanto, foi a de “aplicativos leves”, que pode até ser boa para uso ocasional, assim como um netbook também é.

4. O Chrome OS não é um sistema operacional "real"
Se nós estivéssemos desenvolvendo o Chrome OS, faríamos o máximo possível para esconder o sistema operacional e esperaríamos que os usuários não percebessem o que foi deixado de fora. Isso é possível?

Até que ponto algo que parece e funciona como um sistema operacional precisa ser apresentado aos usuários? Quantas funcionalidades podem ser sacrificadas em nome da facilidade de uso?

O Google descreve o Chrome como se um sistema operacional pudesse fazer seu trabalho nos bastidores. Não temos certeza se isso é tão possível quanto o Google acredita ser.

Quanto mais o Chrome OS se aproximar de um SO “real”, mais parecido com um Linux ele deve ficar. Com todos os benefícios e problemas decorrentes dessa semelhança.

5. Compatibilidade
Compatibilidade, tanto de hardware quanto de software, era o principal motivo pelo qual o mundo apontou a Microsoft como a Rainha da Computação. Talvez você não se lembre dos velhos tempos dos processadores de texto, planilhas e arquivos independentes entre si e totalmente incompatíveis. Mas nós lembramos.

A Microsoft se tornou um monopólio por ter sido a única fabricante a conseguir satisfazer melhor as necessidades de mais usuários. E fez isso impondo padrões. Os usuários elegeram a Microsoft como vencedora e não querem se preocupar com problemas de compatibilidade.

Nossa opinião é de que o Chrome OS será um sistema operacional de denominador comum menor para computadores menores e mais baratos.

É bem verdade que computadores desse tipo fazem 80% de tudo aquilo que a maior parte dos usuários precisa todos os dias. Entretanto, os outros 20% requerem softwares específicos, às vezes hardware específico, e talvez mais potência do que um netbook pode oferecer.

Compatibilidade é, sim, importante. E mesmo consiga ser completo até onde ele possa ser completo, sempre há mais a ser atingido. Eis porque o Windows, por mais frustrante que seja muitas vezes, tende a prevalecer: a Microsoft acredita que regra dos 20% vale mais do que aqueles que defendem que “80% é o suficiente”.

O exemplo que usamos – e isso se aplica igualmente aos computadores da Apple – é o alto número de aplicativos especializados que existem apenas no Windows. Eles poderiam ter sido desenvolvidos para Mac ou Linux, mas como o Windows é tão preponderante, os fabricantes não veem motivo para investir em outras plataformas. E, no limite, sempre se pode virtualizar o Windows nestes ambientes.

Alguém pode querer comprar um netbook para substituir um notebook com Windows e usá-lo com um aplicativo que não requer tanta potência, mas que está disponível apenas para Windows.

O Chrome OS vai ter que se tornar mais popular do que podemos imaginar hoje. Algumas pessoas simplesmente precisam do Windows e vai levar tempo para que o Google consiga negar isso.

Não estamos prevendo o fracasso do Chrome antes mesmo de ele ser lançado. Mas é inevitável avaliar os desafios que todo novo sistema operacional encara. São muitos, grandes e importantes e, até agora, ninguém chegou perto de superar todos eles (nem a Microsoft, diriam alguns).

Europa vai revisar normas para downloads

BRUXELAS - A União Europeia precisa de novas regras para downloads na internet que deem mais facilidade para as pessoas acessarem músicas e filmes sem recorrer à pirataria.

Ao mapear as prioridades da Comissão Europeia, braço executivo da UE, para os próximos cinco anos, a comissária de telecomunicações, Viviane Reding, disse que deveriam ser consideradas novas leis para reconciliar os interesses dos detentores de propriedade intelectual e dos internautas.

"Farei disso minha prioridade no trabalho; em termos um meio simples, fácil e legal de acessar conteúdo digital de maneira única em toda a Europa, assegurando, ao mesmo tempo, remuneração justa para os criadores (do conteúdo)", disse durante um seminário.

Segundo ela, as leis atuais são mal definidas, porque aparentemente levam as pessoas, especialmente os jovens, a piratear conteúdo na Internet, ou fazer o download de material ilegalmente.

"A pirataria online parece estar se tornando cada vez mais ´sexy´, em particular entre os que já nasceram na era digital", disse ela, citando pesquisa mostrando que 60% das pessoas entre 16 e 24 anos fizeram download de áudio e vídeo na internet nos últimos meses sem pagar pelo conteúdo.


Fonte: Reuters