quinta-feira, 9 de julho de 2009

Cinco motivos que podem fazer o Google Chrome OS não dar certo

Da aposta excessiva em netbooks até problemas de compatibilidade, veja o que ameaça o novo sistema operacional.


chrome_os_review_150.jpg Por mais inteligente e popular que o Google possa ser, não há qualquer garantia de que seu sistema operacional, o Chrome OS - prometido para o final deste ano, seja um sucesso. Às vezes, a criança mais esperta e querida na escola simplesmente quebra a cara. E há grandes chances de a plataforma estar na pele dessa criança.

Se tudo o que o gigante de buscas está prometendo irá se concretizar no mundo real ainda é cedo para dizer. Mas existem cinco motivos que nos fazem pensar que ele não vai dar certo:

1. Nem tudo nessa vida é netbook
Netbooks, pequenos computadores voltados para navegação na internet, podem ser importantes, mas continuam representando uma fração das vendas de PC. E a aposta do Google baseia-se em uma forte demanda por computadores menos potentes.

O gigante de buscas levaria certa vantagem sobre a Microsoft, que precisa vender seu sistema operacional – enquanto isso, o Google pode simplesmente dá-lo de presente.

No entanto, outros sistemas operacionais foram dados de graça por anos e a Microsoft ainda está aí, firme e forte. Atualmente, o Linux responde por cerca de 1% do mercado de sistemas operacionais e já perdeu a batalha pelos netbooks. O motivo disso, convenhamos, não é o Windows.

O Google está contando com usuários de computadores pequenos, não ligados a aplicativos específicos, e dispostos a aceitar preço baixo e, talvez, facilidade de uso em um ambiente mais familiar e poderoso.

Será que isso é suficiente para desafiar a Microsoft?

2. A Microsoft pode pegar pesado
Imagine que Steve Ballmer simplesmente acorde amanhã e diga: "O Windows 7 NB [para notebooks] será gratuito até 2010. Começando a partir de agora". Qualquer coisa que o Google possa fazer, a Microsoft também pode – ao menos teoricamente.

É pouco provável que órgãos reguladores intervenham em uma ação dessa natureza, afinal a Microsoft estaria reagindo à investida de um poderoso concorrente. E fixar uma data final para a gratuidade – que sempre pode ser estendida – permite que a Microsoft cobre depois de o Chrome OS ter sido derrotado.

Mas a Microsoft precisa fazer isso? Não. Há fortes evidências – o Linux nos netbooks, por exemplo – de que a empresa pode - e provavelmente irá - continuar cobrando por aquilo que outros dão de graça.

Não subestime o que pode acontecer quando a Microsoft se enfurece. O maior inimigo da empresa nos últimos anos foi ela mesma. Uma nova ameaça externa pode ajudar Ballmer & Cia a afiar o pensamento e responder como um feroz sistema imunológico para isolar e destruir um organismo externo, como o Google.

3. Google Docs é o melhor que eles podem fazer
Até agora, os esforços do Google ao criar uma nuvem de aplicativos foram bem fraquinhos. Veja todas as coisas que o Google Docs não faz e que as pessoas precisam, ao menos de vez em quando.

O Google ainda precisa provar que aplicativos como serviços web podem substituir os que hoje estão instalados no PC. Até agora, nem chegou perto disso.

A estratégia de computação em nuvem do Google, por enquanto, foi a de “aplicativos leves”, que pode até ser boa para uso ocasional, assim como um netbook também é.

4. O Chrome OS não é um sistema operacional "real"
Se nós estivéssemos desenvolvendo o Chrome OS, faríamos o máximo possível para esconder o sistema operacional e esperaríamos que os usuários não percebessem o que foi deixado de fora. Isso é possível?

Até que ponto algo que parece e funciona como um sistema operacional precisa ser apresentado aos usuários? Quantas funcionalidades podem ser sacrificadas em nome da facilidade de uso?

O Google descreve o Chrome como se um sistema operacional pudesse fazer seu trabalho nos bastidores. Não temos certeza se isso é tão possível quanto o Google acredita ser.

Quanto mais o Chrome OS se aproximar de um SO “real”, mais parecido com um Linux ele deve ficar. Com todos os benefícios e problemas decorrentes dessa semelhança.

5. Compatibilidade
Compatibilidade, tanto de hardware quanto de software, era o principal motivo pelo qual o mundo apontou a Microsoft como a Rainha da Computação. Talvez você não se lembre dos velhos tempos dos processadores de texto, planilhas e arquivos independentes entre si e totalmente incompatíveis. Mas nós lembramos.

A Microsoft se tornou um monopólio por ter sido a única fabricante a conseguir satisfazer melhor as necessidades de mais usuários. E fez isso impondo padrões. Os usuários elegeram a Microsoft como vencedora e não querem se preocupar com problemas de compatibilidade.

Nossa opinião é de que o Chrome OS será um sistema operacional de denominador comum menor para computadores menores e mais baratos.

É bem verdade que computadores desse tipo fazem 80% de tudo aquilo que a maior parte dos usuários precisa todos os dias. Entretanto, os outros 20% requerem softwares específicos, às vezes hardware específico, e talvez mais potência do que um netbook pode oferecer.

Compatibilidade é, sim, importante. E mesmo consiga ser completo até onde ele possa ser completo, sempre há mais a ser atingido. Eis porque o Windows, por mais frustrante que seja muitas vezes, tende a prevalecer: a Microsoft acredita que regra dos 20% vale mais do que aqueles que defendem que “80% é o suficiente”.

O exemplo que usamos – e isso se aplica igualmente aos computadores da Apple – é o alto número de aplicativos especializados que existem apenas no Windows. Eles poderiam ter sido desenvolvidos para Mac ou Linux, mas como o Windows é tão preponderante, os fabricantes não veem motivo para investir em outras plataformas. E, no limite, sempre se pode virtualizar o Windows nestes ambientes.

Alguém pode querer comprar um netbook para substituir um notebook com Windows e usá-lo com um aplicativo que não requer tanta potência, mas que está disponível apenas para Windows.

O Chrome OS vai ter que se tornar mais popular do que podemos imaginar hoje. Algumas pessoas simplesmente precisam do Windows e vai levar tempo para que o Google consiga negar isso.

Não estamos prevendo o fracasso do Chrome antes mesmo de ele ser lançado. Mas é inevitável avaliar os desafios que todo novo sistema operacional encara. São muitos, grandes e importantes e, até agora, ninguém chegou perto de superar todos eles (nem a Microsoft, diriam alguns).

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